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Por que temos febre?

Por Dr. Dorian Domingues | CRMMG 22323

A febre é a elevação da temperatura corporal acima da que é considerada normal. Até aqui, tudo bem: só falta definir o que é normal: febre é a elevação da temperatura corporal acima de 37,6 graus Celsius.

A febre é sempre um sinal de que alguma coisa estranha está acontecendo. Pode ser excesso de calor ambiental (intermação), excesso de exposição ao sol (insolação), pode ser hemorragia no sistema nervoso central, pode ser intoxicação (e se eu falar mais 03 besteiras aqui todo mundo vai parar de ler) mas geralmente é por infecção (acertei, enfim!). Mas…será que é tão simples assim?

Tecnicamente, a febre é provocada por um descontrole do mecanismo de regulação da temperatura (localizado no cérebro, mais precisamente em uma área chamada hipotálamo, um termostato biológico que controla a produção e dispersão do calor corporal). A disfunção leva à produção de substâncias semelhantes a hormônios (pirogênio endógeno e mediadores inflamatórios, resumidamente) que aumentam a temperatura corporal e também regulam o fluxo sanguíneo para a pele. E a confusão começa aqui. É na superfície corporal que se troca o calor com o meio ambiente.

Na fase inicial do pico febril (febre baixa), ocorre uma dilatação dos vasos da pele (é um mecanismo útil de defesa: a criança fica quente e vermelha, e dissipa o calor). Nos grandes picos febris, isso se inverte: a circulação se contrai (é um mecanismo ruim de defesa), a pele fica fria porque não tem irrigação e não há troca de calor. Quem toca a criança, a acha gelada, mas é porque todo o calor está retido no interior, “ela está fervendo por dentro”, e o termômetro acusa a febre alta, geralmente com calafrios, cianose (coloração azul-arroxeada da pele) e palidez de extremidades. Ou seja: febre é pra medir com o termômetro, porque o mãozometro e o mãezômetro são muito sujeitos a erros.

A febre pode ter várias causas, e na infância muitas vezes (mas nem sempre) ocorre por infecções. E é aqui que termina a confusão pro leigo e, consequentemente, começa pro médico.

O leigo sempre acha que febre = infecção = antibiótico, só que não! Dengue e caxumba, pra dar exemplos práticos, dão muita febre e se curam sem necessidade de antibióticos. Já tuberculose, uma infecção bacteriana gravíssima, quase nunca dá febre, mas precisa de antibióticos por 1 ano! Quem dera pro médico que tudo fosse simples assim: está com febre? Pronto, antibiótico, o próximo. Está sem febre? Ótimo, pode ir…

Apesar de nem sempre precisar de antibióticos, a febre é sempre sinal de alerta, e geralmente a intensidade tem a ver com a gravidade da doença. Assim, crianças com febre baixa e cara boa podem ser observadas em casa – e qualquer variação em qualquer um dos dois quesitos tem que acionar os sinais de alerta. Principalmente se a criança continuar abatida mesmo quando estiver sem febre. Aí, é consulta na certa.

Para abaixar a febre, dê sempre antitérmicos. Se persistente ou refratária, intercale com outro. Você também pode dar banhos frios e usar compressas frias para abaixar a temperatura corporal. E principalmente: deixe a criança fresquinha! Ela precisa esfriar!

Em caso de persistência da febre, procure o seu pediatra, ou a Clínica da Criança e do Adolescente. Aqui temos agendamento e pronto atendimento. E ninguém volta pra casa sem consulta.

Clínica da Criança e do Adolescente. O amigo mais certo das horas incertas, desde 1996.