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Linfoma Infantil

por Dra. Raquel Obolari Gonçalves
13 de setembro de 2022

O sistema linfático contém os linfócitos (que são um tipo de glóbulo branco), responsáveis pela defesa do nosso corpo contra infecções, e os linfonodos (ou gânglios linfáticos), que funcionam como um reservatório de variadas células do sistema imunológico.

O linfoma infantil é um tipo de câncer do sistema linfático que se espalha de maneira desordenada. Seus sintomas são muito semelhantes aos sintomas de doenças comuns na infância, por isso é preciso ficar atento.

Esse tipo de câncer ocupa a terceira posição entre os cânceres mais comuns nessa faixa etária (de 0 a 19 anos), ficando atrás dos tumores cerebrais e das leucemias.

Existem diferentes tipos de linfomas, sendo que alguns crescem muito lentamente e outros, muito mais rápido. 7% dos cânceres na infância são linfomas não-Hodgkin (LNH), enquanto que os de Hodgkin (LH) representam cerca de 6%.

A grande diferença entre o linfoma infantil e o adulto, é a forma como as crianças respondem ao tratamento. Atualmente, considerando que o diagnóstico seja feito precocemente, o grau de disseminação da doença seja baixo e o tratamento proposto seja adequado, as taxas de cura são altíssimas. Para o LNH infantil, a cura é alcançada em 70% dos casos e para o LH em 95%. Isso acontece porque as células infantis são mais sensíveis às terapias.

TIPOS DE LINFOMA

Existem dois tipos de linfomas: o de Hodgkin (LH) e o não-Hodgkin (LNH), que apresentam comportamentos, sinais e graus de agressividade diferentes. A gravidade, em ambos os tipos, dependerá do estadiamento (grau de disseminação da doença) em que o linfoma for detectado.

Linfoma de Hodgkin – pode surgir em qualquer parte do corpo onde o tecido linfoide esteja amplamente distribuído. De toda forma, as localizações mais frequentes do surgimento de gânglios linfáticos (íngua) são tórax, pescoço e axila. Pacientes com linfoma de Hodgkin têm alta probabilidade de cura, e adolescentes apresentam maior probabilidade de ter linfoma de Hodgkin do que crianças pequenas;

Linfoma não Hodgkin – após o diagnóstico, a doença é classificada de acordo com o tipo de linfoma e o estágio em que se encontra (eles são agrupados de acordo com o tipo de célula linfoide afetada, se linfócitos B ou T). Também são considerados para a classificação o tamanho, a forma e o padrão de apresentação das células cancerosas ao microscópio. Essas informações são importantes para selecionar adequadamente a forma de tratamento.

Cerca de 60% dos casos de linfoma em crianças e adolescentes são de Linfoma não Hodgkin, e as chances de cura vão de 60% a 90%, a depender das características clínicas de cada paciente. Os linfomas não Hodgkin em crianças geralmente são de três tipos:

Linfoma linfoblástico – é responsável por cerca de 25% a 30% dos linfomas em crianças e adolescentes, com incidência em meninos duas vezes maior do que em meninas. A maioria dos casos se desenvolve a partir das células T e pode crescer rapidamente;

Linfoma de Burkitt – representa cerca de 40% dos linfomas em crianças e é mais frequente em meninos entre 5 e 10 anos de idade. Quase sempre se inicia no abdômen e, como seu crescimento é rápido, é muito importante dar início ao tratamento o quanto antes; e

Linfoma de grandes células – pode crescer em qualquer parte do corpo e é mais comum em adolescentes. Possui dois subtipos: linfoma de grandes células anaplásicas (geralmente se iniciam na pele, pulmões, ossos, sistema digestivo ou outros órgãos) e linfoma difuso de grandes células B (começam como uma massa de crescimento rápido em locais como a região torácica-mediastino, abdômen, pescoço e ossos).

SINTOMAS

Da mesma forma que no linfoma adulto, os sintomas no infantil inclui o aumento dos linfonodos (carocinhos duros e indolores na região do pescoço, virilha e axilas), febre e fadiga, sudorese noturna e perda de peso sem motivo aparente e aumento do volume torácico com falta de ar, e dor. Além disso, como o linfoma de Burkkit se origina no abdome, pode causar dor de barriga, náuseas e vômitos, além de aumento do baço (esplenomegalia).

O grande desafio é que muitos desses sintomas são os mesmos de doenças comuns na infância, como viroses e gripes. Como diferenciar, então?

É preciso ficar atento se esses sintomas duram mais de 7 dias e se eles aparecem em conjunto. “A febre como fator isolado é de difícil interpretação. Normalmente no linfoma, o quadro de febre é constante e de moderada intensidade, principalmente na parte da tarde. Caso ela não passe e ainda apareçam outros sintomas, é importante reportar ao médico para realizar exames”.

DIAGNÓSTICO

Durante a consulta, o médico pergunta sobre os sintomas que a criança apresenta, e no exame físico é pesquisada a presença de gânglios em regiões como axilas, pescoço e virilha. Caso algum seja encontrado, serão solicitados exames para a comprovação diagnóstica.

Também são solicitados exames para avaliar o estado geral de saúde do paciente e verificar outras doenças que apresentam manifestações semelhantes aos linfomas.

Os demais exames normalmente são:

Biópsia do linfonodo;
Biópsia da medula óssea;
Tomografia computadorizada;
Ressonância magnética; e
PET Scan.

TRATAMENTO

O tratamento do linfoma em crianças e adolescentes pode ter resultados excelentes, e as chances de cura ultrapassam os 80%. As abordagens são principalmente baseadas em quimioterapia, radioterapia, transplantes de células tronco e imunoterapias.

 PREVENÇÃO

 A maioria das crianças com linfoma não tem fatores de risco conhecidos que possam ser alterados – logo, não há maneira de se proteger contra os linfomas.

Os pacientes que apresentam risco elevado de desenvolvimento do linfoma de Hodgkin ou não Hodgkin são aqueles que estão com o sistema imunológico comprometido – por consequência de doenças genéticas, infecção pelo HIV ou uso de drogas imunossupressoras – ou que possuem familiares diagnosticados com a doença.