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TEA: Intervenção precoce e equipe multidisciplinar

Por Luane Vieira dos Santos
Psicóloga da Clínica da Criança e do Adolescente

Dados sobre o TEA

Você sabia que em dezembro de 2021 um novo relatório foi publicado mostrando o aumento de casos de autismo?

O centro de doenças e prevenção dos EUA traz uma nova pesquisa mostrando o aumento de diagnósticos de TEA. 1 em cada 44 crianças recebe o diagnóstico. Comparando esses dados atuais com os de 2018, pode-se perceber que houve um aumento de 22%. No Brasil não temos números exatos de prevalência, mas estudiosos apontam que nosso País tem cerca de 4,84 milhões de autistas.

O que levou ao aumento de casos?

Os diagnósticos precoces. Sabe aquela conversa popular “antes não se tinha muito”? Engana-se quem ainda pensa assim. Os quadros de TEA sempre estiveram presentes, porém não se tinha o olhar apurado para tais demandas. Com o avanço da ciência, os estudos e os treinamentos aumentando, os diagnósticos também aumentam. Daí a importância de termos cuidado, para o uso não cair no abuso.

Afinal, o que seria o Transtorno do Espectro Autista?

É um transtorno de neurodesenvolvimento, caracterizado por déficit no âmbito social, na comunicação e comportamentos repetitivos. Embora a ciência tenha avançado, as causas ainda são desconhecidas. Mostra-se uma predisposição genética, mas nada 100% confirmado.

Sinais de alerta:

Na primeira infância a ausência de um sorriso social, falta de contato visual, poucas expressões faciais, não apontar, nem imitar, movimentos repetitivos, atraso na fala, dificuldade em brincar são alguns dos diversos sinais do TEA.

Como acontece o diagnóstico?

Acontece por dados clínicos, ou seja, observação. Não existe um exame específico. Com base na análise da criança e dos marcadores de desenvolvimento, se chega ao diagnóstico.

A avaliação em TEA pode ser realizada por terapeutas. Eles apontam a hipótese, porém o diagnóstico fechado no Brasil só pode ser dado por um médico, seja neuropediatra ou psiquiatra infantil. Através da percepção dos profissionais e usando os critérios de diagnóstico do DSM V eles chegam a uma conclusão.

O psicólogo é um dos profissionais que mais avalia TEA, acolhendo a família, aplicando testes padronizados e instrumentos de rastreio, analisando comportamento e direcionando para as intervenções específicas. Outro profissional que mais atua na avaliação é o fonoaudiólogo, que utiliza técnicas para avaliar e desenvolver habilidades de linguagem – essa fundamental para a aquisição de competências, principalmente de socialização.

Equipe multidisciplinar e sua importância

São diversos profissionais que atuam com as intervenções no TEA. Desde o médico, aos psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, fisioterapeutas, nutricionistas, musicoterapeutas, psicomotricistas, acompanhantes terapêuticos.

As intervenções devem ser começadas o mais rápido possível, porque quanto mais nova a criança, maior sua adaptação. Em outras palavras, mais plástico o cérebro é: o que chamamos de plasticidade cerebral é o que ajuda na aquisição de novas habilidades, ou seja, a criança tem mais capacidade de aprender/reestruturar.

Busque profissionais que acreditem e respeitem a criança. É fundamental um trabalho de forma integrada entre os especialistas: os objetivos devem estar alinhados e, quando os profissionais estão no mesmo espaço, melhor ainda, pois a criança cria rotina e confiança com o ambiente, o que ajuda muito nas intervenções. O apoio familiar também é indispensável. A família precisa se sentir acolhida e o cuidado também deve ser estendido a ela.

O brincar como ferramenta

É na sutileza do brincar que se vê comunicação. A conduta indicada vai depender da defasagem e da idade da criança. Todavia, o brincar nesses casos é fundamental para estimulação de habilidades. Brincar é ensinar. Um plano individualizado é traçado e o profissional traz estímulos específicos, buscando promover melhor qualidade de vida.

De fato, somos seres singulares e o perfil individual deve ser respeitado. A ideia não deve ser de comparação, mas os marcos do desenvolvimento são importantes. Sendo assim, diante de algum atraso, encaminhe ou procure um atendimento especializado.